Um chamado para o fundo do mar
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Um chamado para a origem da vida pelas águas do oceano. As arquitetas Betina Chede e Talita Coral, do escritório BCH Arquitetos, transformaram o ambiente “Mergulho Sensorial” numa convocação para o ativismo e ressignificação das práticas humanas. As mesmas mãos que poluem as águas também são capazes de transmutar os resíduos à deriva.
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A questão não é só importante, como imprescindível para a vida da humanidade no Planeta. Um estudo recente realizado por uma equipe de cientistas internacionais analisou dados globais do período de 1979 a 2019 em quase 12.000 pontos de amostragem nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico e no Mar Mediterrâno. O resultado publicado na revista PLOS ONE não é nada animador. De acordo com a pesquisa, os oceanos do mundo estão poluídos com cerca de 171 trilhões de partículas de plástico que, se reunidas, pesariam cerca de 2,3 milhões de toneladas.
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A realidade fez o artesão Cristiano Raim dedicar sua vida, há mais de 30 anos, à criação de objetos decorativos a partir de materiais recicláveis. “Comecei a trabalhar com muita paixão usando a energia vital para colaborar com o Planeta. Foi na primeira associação de catadores que aprendi a utilizar material reciclado, estimulado a transformar o material descartado em vários itens, gerando renda e cuidando do Planeta”, conta.
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No espaço em cartaz até 29 de outubro, no Antigo Hotel Maria do Mar – onde ocorre a sede da mostra catarinense em Florianópolis -, Cristiano apresenta cinco modelos de mandalas tendo como matéria-prima principal 25 latas das Tintas Coral.
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Durante as obras na CASACOR/SC, as arquitetas Betina Chede e Talita Coral com o artesão Cristiano Raim (Crédito Divulgação)
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“São muitas latas transformadas em artigos de decoração. Os modelos são dedicados às profundezas dos oceanos inspirados na vital função dos fitoplânctons, organismos de extrema importância responsáveis pela produção do oxigênio que a gente respira. A urgência de trazer a questão sustentável para a decoração e fazer o bem para o Planeta ultrapassa a estética”, alerta.
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As obras “Arquipélagos” da artista têxtil Nara Guichon intensificam o coro em prol da Natureza. As esculturas tecidas com redes de pesca retiradas do fundo do mar chamam a atenção para o lixo marítimo, um dos biomas mais poluídos do Planeta. Segundo Nara, 80% do descarte é feito pela indústria pesqueira.
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“Não faz sentido não reaproveitar esses materiais nobres e resistentes para a produção de outras peças. Meu trabalho começa recolhendo os resíduos em galpões de pescadores, também utilizo sobras da indústria da moda, outro setor bastante poluente. O processo envolve a oxidação das redes ou pigmentação com elementos naturais. Utilizo o tricô mais desconstruído para dar formas às esculturas”, conta a artista/ativista.
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Para a dupla Betina Chede e Talita Coral, que assina o ambiente “Mergulho Sensorial”, a mostra catarinense é um espaço importante para destacar os trabalhos dos artistas e artesãos, engajar mais profissionais e disseminar outras tramas para o presente do Planeta. É prova que as mesmas mãos que poluem são capazes de regenerar formas e práticas para o florescimento da vida.
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By Luciana de Moraes | A CASAA
Imagens: Créditos Mariana Boro
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