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Obras que vão além da arte: Como os empreendimentos de luxo têm apostado nas criações artísticas para ressignificar os projetos

*Marc Pottier, curador internacional de arte contemporânea da AG7

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Segundo o dicionário, a definição de arquitetura pode ser estabelecida como a “arte e técnica de organizar espaços e criar ambientes para abrigar os diversos tipos de atividades humanas”. A partir desta significação, fica fácil entender que a relação entre o mundo da arte e o mercado civil sempre foi intrínseca e extremamente forte. Prova disso está na nossa própria história como humanidade. Peguemos como exemplo as grandiosas obras arquitetônicas gregas, criadas ainda em séculos anteriores ao cristianismo, passando pela magnificência da arquitetura romana até o clímax deste vínculo durante o período renascentista, quando prédios e palácios eram projetados por arquitetos com a colaboração de diversos tipos de artistas, muralistas e escultores.

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Todos estes e muitos outros exemplos no decorrer de nossa história evidenciam que o casamento entre a arte e o mercado imobiliário é de longa data. No entanto, mesmo que esse fogo tenha perdido forças nas últimas eras, deixando muitas vezes a arte restrita à decoração e projeções internas nos imóveis, ele tem se reacendido nos últimos anos, a partir de uma nova e poderosa tendência.

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Liderado principalmente pelos projetos residenciais de alto luxo, o recente movimento traz uma nova vertente para a relação, colocando a arte de forma externalizada nos empreendimentos, fazendo com que as obras não fiquem reservadas somente ao interior dos imóveis e às áreas de convivência dos proprietários. Dessa forma, as peças se tornam acessíveis a todos, transformando-as em elementos imprescindíveis de revitalização urbana e conexão com a natureza para benefício de todos que residem em volta do imóvel.

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Diante dessa ressignificação da arte dentro dos projetos imobiliários, podemos dizer que estamos falando de um casamento real e muito sincero. Em outras palavras, não é uma questão somente de adicionar na parede uma pintura bonita, ou expor uma escultura fora do prédio como elemento decorativo. Mas sim de realmente apresentar uma proposta forte por meio de obras projetadas e pensadas em parceria entre artistas e arquitetos, a fim de conceber uma narrativa às moradias.

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Até por isso, as movimentações dos grandes expoentes desse novo movimento mostram que passa a ser fundamental pensar nos elementos artísticos como um processo inerente ao projeto de construção. A estruturação de um ambiente conexo e agradável passa pelo diálogo entre arte, arquitetura, espaços e o pensamento dos artistas. É a partir deste entendimento que está a força de entregar arte a um espaço público, por exemplo, além de criar a conexão entre arquitetura e a história que o projeto pretende contar.

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Quando é criada uma arquitetura vinculada a uma narrativa própria, as habitações deixam de ser apenas estruturas funcionais, mas verdadeiras obras de arte que embelezam e ressignificam o espaço urbano à sua volta. Tais imóveis deixam de ser apenas um local de se viver para se tornar uma declaração artística que influencia o ambiente ao seu redor. Dessa maneira, esses empreendimentos de luxo acabam por transcender do comum, e se transformam em verdadeiros ícones da cidade.

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A maior prova disso são os numerosos empreendimentos que se tornaram verdadeiros cartões postais de suas cidades pelo país através da premissa da arte como parte de sua essência. Podemos citar como alguns exemplos, o Hotel Rosewood, além dos edifícios Complexo B32 e 319 Padre João Manuel, localizados em São Paulo, e o bairro ‘Novo Ecoville’, localizado em Curitiba, que passou recentemente por uma reformulação liderada pelos investimentos da incorporadora AG7.

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Além disso, os primeiros sinais deste novo movimento já começam a ser refletidos pelo próprio mercado imobiliário de alto luxo, que vive um momento de aquecimento mesmo na presença de um cenário de altos juros de crédito. Para se ter uma ideia, no primeiro semestre deste ano o segmento se consolidou como o principal destaque nas vendas, apresentando uma crescente de 22,8% para unidades e 9,8% em valores.

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Diante de todos estes fatores, posso afirmar que a valorização dos edifícios por meio da arte é uma realidade inegável. A partir da externalização das peças artísticas, os empreendimentos trazem inspiração, provocam reflexões e acrescentam um valor cultural à comunidade. Ao integrar obras de arte à arquitetura e ao paisagismo, as incorporadoras estão colocando os seus investimentos além das propriedades, mas em experiências que estimulam os sentidos e o bem-estar não só dos proprietários, mas de todos que convivem à sua volta.

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*Marc Pottier, francês, radicado entre Paris e Rio de Janeiro, é curador internacional de arte contemporânea, especializado em arte em espaços públicos. Começou a trabalhar em arte contemporânea através do mundo dos leilões, posteriormente ocupou-se da coleção de arte contemporânea e moderna Sawada (Nagoya, Tokyo, Paris, Nova York). Por oito anos trabalhou no Ministério das Relações Exteriores Francês, tendo sido Adido Cultural no Rio de Janeiro e em Lisboa. Desde 2007, voltou a ser curador independente, e esteve envolvido em grandes projetos como o hotel Cidade Matarazzo Floresta Atlântica em São Paulo. Atualmente, é curador de empreendimentos da incorporadora AG7 e da usina de arte em Recife, pertence ao núcleo curatorial do MON de Curitiba e é coordenador do projeto do futuro Museu Internacional de Arte em Foz do Iguaçu com o coaching do Centre Pompidou.

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By Aira Annoroso | Motim

Imagem: Divulgação

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