Neurociência aplicada à arquitetura gera ambientes que levam em conta o impacto nos usuários, e primeiro bairro-cidade do Rio Grande do Sul já utiliza a ciência em seus projetos
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Há 20 anos, foi criada nos Estados Unidos a Academia da Neurociência para a Arquitetura (ANFA), no que foi considerado o marco zero de um conceito que tem ganhado cada vez mais espaço nos projetos brasileiros: a neuroarquitetura. Trata-se da aplicação da neurociência na arquitetura, levando em conta o impacto causado pelos ambientes nos usuários.
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“Passamos em média 90% do nosso tempo em ambientes fechados. E esses ambientes moldam nosso comportamento e estados mental, físico e social. Nunca uma experiência nesses locais é neutra em nosso organismo”, explica a arquiteta Bárbara Schumacher. A partir disso, ela explica que, na neuroarquitetura, as escolhas projetuais são definidas pensando num espaço saudável que promova bem-estar para quem vai utilizá-lo.
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Nesse ramo, os projetos levam em consideração elementos como o conforto ambiental (térmico, lumínico e acústico), a funcionalidade do espaço, a ventilação e o conforto psicológico, entre outras variáveis que contribuam para a qualidade de vida da pessoa. Uma tendência que ganhou mais força durante a pandemia, quando a maioria da população se viu obrigada a ficar dentro de casa e com restrição de circulação.
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“Muitas delas perceberam que suas casas não atendiam suas necessidades e não geravam bem-estar. Pelo contrário: deixavam elas mais estressadas, ansiosas, preocupadas, com medo. Pensando nisso, podemos avaliar muitos pontos em que uma casa pode ser bem ou mal sucedida: o local é inseguro? Tenho um ambiente para descansar, relaxar e ter o máximo do meu rendimento profissional? Ele é belo, organizado, limpo e integrado com a natureza?”, questiona Bárbara.
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Nesse sentido, um projeto desenvolvido utilizando a neuroarquitetura coloca o ser humano como o centro do projeto, a partir do qual serão tomadas as decisões. Um empreendimento que utiliza esses conceitos é o Prado, primeiro bairro-cidade do Rio Grande do Sul.
Com 350 hectares e a 15 minutos do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, deve abrigar 25 mil pessoas em seis mil unidades habitacionais. O local foi pensado para promover bem-estar e saúde aos moradores. O bairro-cidade preza pelo contato com a natureza – o verde e a iluminação natural –, segurança e sensação de liberdade, ideias que conversam com a neuroarquitetura.
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Além disso, algumas residências do Prado levam o conceito ao pé da letra, como é o caso da Casa de los Suspiros, projetada por Bárbara. A moradia tem a cidade de Colônia do Sacramento, no Uruguai, como inspiração principal e está sendo erguida com base nos preceitos da neuroarquitetura.
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“Contamos com um estudo bioclimático, analisando as condicionantes climáticas como correntes de vento e incidência solar durante todas as épocas do ano sobre o terreno, definindo assim quais escolhas deveriam ser feitas para tornar a casa confortável de forma térmica, lumínica e acústica”, afirma Bárbara. O trabalho foi feito com o escritório JanelaLab.
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Bárbara avalia que a neuroarquitetura tem muito espaço para evoluir no país. “Fora daqui, os estudos estão mais avançados. É uma forma muito atual e necessária de se projetar. Não podemos desconsiderar o indivíduo na hora de criar uma casa, onde ele passará grande parte dos seus dias — e as pessoas estão cada vez mais conscientes da importância desses ambientes em sua qualidade de vida”, conclui.
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By Rafael Codonho | Critério
Imagens: Divulgação
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