Engenheiro e filósofo analisa como o desenho das cidades brasileiras alimenta a insegurança e por que o Rio é o espelho de um país sem projeto urbano
A recente operação militar no Rio de Janeiro reacendeu uma velha e incômoda pergunta: por que nossas cidades parecem condenadas a repetir o ciclo da ocupação, do abandono e da violência? Enquanto o Brasil insiste em militarizar territórios que nunca foram plenamente urbanizados, a China aposta em um caminho oposto, reurbaniza para pacificar, moderniza sem expulsar, reconstrói sem apagar quem mora ali.
O contraste é gritante. De um lado, favelas tratadas como problema de segurança; de outro, comunidades transformadas em pólos de integração. O que o caso chinês revela é que o urbanismo pode ser uma política de segurança mais eficaz do que qualquer operação armada.
Para o engenheiro e filósofo Pedro de Medeiros, o verdadeiro campo de batalha da violência não está nas vielas, mas no desenho das cidades. “Quando o espaço urbano é desenhado para segregar, o crime se organiza. Quando ele é pensado para conviver, o medo se dissolve. A ausência do Estado não é só policial, é urbanística”, afirma.
Segundo Medeiros, o modelo de urbanização brasileiro é o berço invisível da insegurança. Cidades que crescem sem planejamento produzem guetos, não comunidades. “Cada morro esquecido é uma semente de conflito. Sem infraestrutura, transporte, saneamento e áreas de convivência, a violência encontra abrigo e legitimidade”, explica.
Ele lembra que, enquanto o Brasil gasta bilhões em operações de curto prazo, países que compreenderam o papel estratégico do urbanismo, como a própria China e, antes dela, a Europa do pós-guerra, investem em infraestrutura como antídoto social. “Um bairro bem cuidado comunica uma mensagem poderosa: aqui o Estado existe. E quando o Estado se faz presente, o crime perde espaço.”
Para Medeiros, a segurança pública começa no traçado da cidade. “Não é o fuzil que pacifica, é a calçada iluminada, a escola aberta, o transporte que conecta. Urbanização digna é a política de segurança mais duradoura que um país pode ter.”
A operação no Rio é só o sintoma visível de um modelo urbano que fracassou em integrar. O desafio, diz o engenheiro, é político: romper com a lógica do improviso e transformar o urbanismo em uma política de Estado, e não de emergência. “Enquanto tratarmos a cidade como território de guerra, viveremos cercados. Quando a tratarmos como espaço de convivência, poderemos, enfim, viver em paz”, finaliza.
Caso tenha interesse em refletir sobre a pauta e conversar com o porta-voz, estou à disposição para fazer a ponte de entrevista.
Pedro de Medeiros é filósofo formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, engenheiro mecânico pela PUC e pós-graduado em Gestão de Pessoas. Consultor de multinacionais, palestrante e escritor, publicou quatro livros técnicos na área de engenharia e estreia na não ficção com “Escolhas: Uma Visão Realista” (Alta Books, 2026). Atua nas áreas de filosofia aplicada, liderança, ESG, ciência e tecnologia, conectando reflexão e prática de forma acessível e instigante.
By Júlia Bozzetto
Foto: Divulgação
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