

Primeiro empreendimento realizado por meio de um concurso no Brasil abre caminhos para uma nova arquitetura
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Baseado no convívio em comunidade, o MUDA WF é mais que um empreendimento residencial, integrando a vida coletiva no conceito da moradia. “O projeto nasceu de uma vontade de atender as necessidades reais das pessoas e transformar a cidade em que vivemos, colocando o arquiteto no centro deste processo”, explica Maria Eugênia Fornea, CEO da Weefor, incorporadora responsável pelo projeto.
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Com o Weefor Arq, aberto de arquitetura que premiou os arquitetos responsáveis pelo projeto do MUDA WF, foi possível redescobrir uma arquitetura menos comercial, mais autoral, criativa, original e colaborativa. Para o jurado Fernando Mungioli, “o projeto não visou algum tipo de espetáculo visual, mas sim a racionalidade solicitada pelo edital. Com uma implantação bem organizada, conforme o terreno, insolação, vizinhança e o próprio usuário”.
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Conexão Urbana
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O entorno é bastante arborizado e permite a circulação de pessoas a pé ou de bicicleta, proporcionando um espaço de convívio além das paredes do prédio. Por isso, uma das premissas do projeto assinado por Baldomero Navarro Gomes e Beatriz Froes Nachtergaele, da NN Arquitetos Associados, foi permitir que todos os apartamentos possuíssem uma vista para o bairro para que os moradores pudessem desfrutar de uma urbanidade agradável.
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As áreas comuns também foram pensadas para vislumbrar o lado de fora e receber iluminação natural, evitando espaços escuros e confinados e proporcionando uma troca entre os ambientes internos e externos. Bem como, estimulando maior interação entre moradores e visitantes.
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Os jardins também foram pensados para garantir a integração dos moradores com a comunidade, com uma mata nativa bem densa junto à rua para que a vida cotidiana do entorno estivesse presente nos apartamentos e vice-versa, excluindo a necessidade de muros e permitindo que os moradores atuem como os olhos da rua, proporcionando maior sensação de segurança, além de uma vida coletiva pulsante.
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Isso também fica claro no piso térreo, com acesso direto a calçada e um espaço de coworking, no qual moradores podem realizar o home office compartilhado, construindo um networking pessoal e profissional.
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Humanização histórica
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Começar o projeto arquitetônico em um concurso de arquitetura permitiu o encontro de soluções menos óbvias e convencionais, resultando em um empreendimento mais ousado e humano.
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A brinquedoteca (à esquerda) e a lavanderia (à direita) estimulam o convívio dos moradores para a criação de memórias – Eduardo Macarios
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Na fachada, o concreto aparente é um resgate do material nobre que permitiu a construção da cidade contemporânea, e que muitas vezes fica escondido em projetos mais comerciais.
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Outro resgate da história urbana foi realizado no projeto de paisagismo, assinado por Felipe Ferreira da Eira Arquitetura, que aproveitou isoladores elétricos do imóvel anterior (uma subestação elétrica) usando-os como uma peça de arte que reverencia a memória local.
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Arquitetura sustentável
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O paisagismo seguiu conceitos naturalistas, com muitas folhagens, e regenerativo, com o uso exclusivo de plantas nativas com foco em endêmicas da região. “A proposta é gerar a sensação de que aquelas plantas sempre estiveram ali no terreno e o edifício cresceu entre elas. O paisagismo regenerativo também foi usado no ático, com espécies nativas de diferentes tamanhos, cores e texturas para que os moradores se sintam convidados a usar esse espaço externo”, explica Felipe.
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Com a consultoria de Iago de Oliveira e Matheus Sanches, da Bloco Base, soluções arquitetônicas foram usadas em prol da saúde e do bem-estar dos moradores, diminuindo também os impactos negativos no meio-ambiente, com baixa emissão de Compostos Orgânicos Voláteis, materiais tóxicos presentes em tintas e vernizes, estudos de conforto térmico e lumínico, soluções de eficiência energética e economia de água, além de hortas individuais que estimulam o cultivo do próprio alimento.
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Até mesmo na garagem, um espaço geralmente repleto de gases tóxicos emitidos pelos escapamentos de carros, foi realizado o transplante de uma palmeira que estava presente no projeto original e oferece um oásis verde neste ambiente, que também recebe iluminação natural e constante troca de ar, tornando-se mais arejado e convidativo que garagens clássicas. Como destaque sustentável, um estacionamento especial para bicicletas incentiva um comportamento social que também afeta a mobilidade urbana local.
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Áreas comuns lúdicas
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Para os ambientes compartilhados da brinquedoteca e lavanderia, as arquitetas da Moca Arquitetura, Ana Sikorski e Katia Azevedo, trouxeram originalidade e identidade com foco em comunicação e diversão, ampliando os espaços com a surpresa no olhar.
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“Buscamos estimular a alegria das crianças com cores vivas em um espaço interativo que convida os usuários a uma experiência lúdica, assim como na lavanderia que trouxe criatividade com a brincadeira sobre perder as meias e locais para as meias perdidas, proporcionando aos moradores um local para criar memórias e expandir os sentidos”, explica Kátia.
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Nos interiores, Paloma Bresolin e Nicholas Oher, da Ohma Design deram foco ao apartamento ARTE, que nasce através de trazer artistas locais, para dentro do apartamento decorado, contando com diversos talentos e temas, como a colagem, a fotografia, a ilustração, a pintura, o design do revestimento da cozinha, a arte gráfica, a tapeçaria e o design de dois espelhos de parede, para mostrar como somos ricos de cultura local e celebrar isso dentro das nossas casas.
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“Além disso, o projeto agrega com a composição do concreto que já vem muito forte no teto entregado pelo MUDA WF juntamente com cores, trazendo muita vida e vitalidade para os novos moradores”, revela Nicholas Oher.
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Sobre o Weefor Arq
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O Weefor Arq é o primeiro aberto de arquitetura realizado pela iniciativa privada para a construção de um empreendimento residencial.
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Idealizado por Maria Eugenia e Maria Julia Fornea, diretoras da Weefor, ele pretende colocar o arquiteto no centro do processo de construção dos empreendimentos, trazendo um olhar mais humano para o mercado imobiliário.
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Para Keiro Yamawaki, jurado do primeiro Weefor Arq, é muito agregador ver ideias de outros arquitetos de diversas partes do país, de como eles veem um edifício residencial. “Esse é um exercício de aprendizado tanto para os participantes, quanto para os jurados e permite a troca de ideias e expansão do repertório coletivo nacional”.
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O jurado Fernando Mungioli, por sua vez, acredita muito nesse concurso como quebra de paradigma para trazer a boa arquitetura para o centro do mercado imobiliário, tendo ela como um ativo de venda e de marketing. Além de abrir possibilidades para jovens arquitetos e novas ideias, representando um espaço mais democrático para a evolução da arquitetura no país.
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Além de vencer o Weefor Arq 2019, o projeto da NN Arquitetos Associados para o MUDA WF ganhou destaque em 2021 no prêmio global Iconic Awards 2021: Innovative Architecture, organizado pelo Conselho Alemão de Design, na subcategoria de Planejamento Urbano.
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Ficha Técnica
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Projeto arquitetônico: Baldomero Navarro Gomes e Beatriz Froes Nachtergaele, da NN Arquitetos Associados
Paisagismo: Felipe Ferreira da Eira Arquitetura
Interiores: NN Arquitetos Associados, Moca Arquitetura e Ohma Design
Consultoria de sustentabilidade: Iago de Oliveira e Matheus Sanches, da Bloco Base
Área: 5.399 m²
Ano: 2023
Fotografias: Eduardo Macarios
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By Anna Carolina Amaral Cidade Neiva | Six Digital
Imagens: Créditos Eduardo Macarios
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