O encontro é uma oportunidade de conhecer de perto o potencial da arquitetura de terra, com os principais nomes do setor, compreendendo como ciência, tradição e design podem se unir para construir um futuro melhor
No próximo domingo, dia 12 de outubro, os curadores da exposição “Terra”, Anaïs Guéguen-Perrin (CRAterre), Alain Briatte (Laboraterra Arquitetura), Argus Caruso (Argus Caruso Arquitetura) e Francisco Barros (MST), conduzem uma mesa-redonda aberta ao público na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, no Pavilhão da Oca, no Parque Ibirapuera. A atividade propõe uma reflexão sobre o papel da terra como material construtivo contemporâneo, explorando como inovação, pesquisa e saberes tradicionais se unem em prol de uma arquitetura mais sustentável e resiliente às mudanças climáticas, um conceito que inspirou a mostra “Terra”.
Durante o encontro, “Terra – Construindo um futuro sustentável e democrático”, os curadores da exposição apresentarão experiências práticas e resultados de pesquisas feitas ao longo de suas trajetórias, investigando o potencial da terra em diferentes escalas: da estrutura arquitetônica às tintas e revestimentos naturais. A discussão destaca ainda como a tecnologia e a experimentação científica vêm contribuindo para aprimorar o desempenho térmico, acústico e estrutural desse material ancestral.
Mostra “Terra” na Bienal Internacional de Arquitetura 2025 – Divulgação: Argus Caruso Arquitetura
A mesa-redonda também amplia o debate sobre o intercâmbio internacional de saberes e práticas em torno da construção com a terra. A experiência francesa do CRAterre/ENSAG, por exemplo, é referência mundial com seu programa de pós-graduação dedicado exclusivamente à arquitetura e à construção em terra, influenciando projetos e pesquisas em diversos continentes. Ao lado disso, técnicas vindas da África e saberes dos povos originários do Brasil, como a taipa de mão (pau a pique), se entrelaçam nas experiências apresentadas na exposição, demonstrando como o material pode ser reinterpretado sob diferentes contextos culturais e climáticos.
As obras brasileiras expostas reforçam essa diversidade, desde os mutirões do MST, que utilizam a terra como meio de autonomia e sustentabilidade nos assentamentos, até residências contemporâneas de alto padrão que rompem preconceitos sobre o material. Como lembra Caruso, “A terra está em todo lugar, é um material versátil e um dos mais antigos do mundo. Cabe a nós, arquitetos e construtores, ressignificar o seu valor e difundir esse conhecimento no setor”. Segundo ele, o uso da terra pode representar uma das alternativas mais viáveis para um futuro menos poluente e mais saudável no que se refere à construção civil.
Inserida no eixo expositivo “Extremos: Arquitetura para um Mundo Quente”, a mostra “Terra” propõe justamente essa virada de olhar: entender que sustentabilidade não é tendência, mas necessidade. A proposta é evidenciar como a terra, um material acessível, de baixo impacto ambiental e carregado de memória cultural, pode ser ressignificada como uma tecnologia sustentável e contemporânea para modos de habitar mais justos e equilibrados.
Projeto Casa AA em Ubatuba (SP) – Divulgação: Argus Caruso Arquitetura
Serviço
14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
Mesa-redonda: “Terra – Construindo um futuro sustentável e democrático”
Data: domingo, 12 de outubro de 2025
Horário: das 16h30 às 17h30
Local: Pavilhão da Oca – Parque Ibirapuera, São Paulo (SP)
Mais informações:
Inscrições:
https://www.sympla.com.br/evento/terra-construindo-um-futuro-sustentavel-e-democratico/3151912
Entrada gratuita
Sobre a Argus Caruso Arquitetura
O estúdio Argus Caruso Arquitetura é especializado em projetos que unem design e sustentabilidade, com foco na utilização de materiais naturais e técnicas construtivas de baixo impacto ambiental. Dirigido pelo arquiteto Argus Caruso, o escritório desenvolve soluções inovadoras que promovem a saúde ambiental e o conforto dos usuários. Entre suas obras destacam-se residências que utilizam bambu, terra, fibras naturais, pedras e madeira, sempre com atenção à integração com o entorno e ao uso responsável dos recursos naturais.
Formado pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com mestrado em construções com materiais naturais pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), o arquiteto é também professor do MBA Arquitetura de Luxo da URM-SP (Faculdade Roberto Miranda). Ao longo de sua carreira, trabalhou em escritórios de arquitetura no Brasil, Espanha e Bélgica. Dentre as mais de 30 obras realizadas, destaca-se a reforma do Museu da Imagem e do Som em São Paulo (2008).
Ativista do meio ambiente, Caruso trabalha buscando o mínimo impacto em seus projetos, antes, durante e depois de sua execução. Além da arquitetura, é conhecido pela sua volta ao mundo de bicicleta e suas centenas de palestras em escolas junto ao projeto “Pedalando e Educando”. Atualmente mora em Ubatuba (SP). Em seu escritório, projeta, coordena obras, desenvolve mobiliários e oferece oficinas e consultorias sobre técnicas construtivas com terra crua. Mais informações: www.arguscaruso.com ou Instagram: @arguscaruso.
By Lokahi Lab
Foto: Divulgação
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