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Exposição “Gestos de Contato”, com obras inéditas e recentes da artista Liana Nigri, na Anita Schwartz Galeria de Arte

Em sua primeira individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, a artista apresenta um conjunto de obras que orbitam em torno do gesto de modelar como ato escultórico, utilizando seu corpo e o de outras mulheres em contato direto com a matéria, muitas vezes orgânica – formas gerando formas.

 

Anita Schwartz Galeria de Arte inaugura para o público no dia 7 de dezembro de 2022 a exposição “Gestos de Contato”, com obras inéditas e recentes da artista Liana Nigri (1984, Rio de Janeiro) – esculturas, desenhos, fotografia e vídeo – que ocuparão o segundo andar do espaço na Gávea.

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A produção dos trabalhos de Liana Nigri tem processos longos que envolvem ação corporal e diversas materialidades. O gesto que antecede a escultura, a ação que gera a forma, esses são os principais interesses da artista, que nomeia o processo de “forma-ação”. Para além da categorização do que seja uma escultura, Liana Nigri usa seu corpo e o de outras mulheres para que em contato com outras matérias – pele, gesso, terra – criem outras formas. “O fazer artístico acontece no encontro: corpo e matéria, num trabalho compartilhado. Minha arte se faz no gesto, na gestação de formas que nascem através do corpo”, diz.

Na série “Expansão de Contornos” (2022), composta por seis desenhos a carvão e cinco esculturas de porcelana – algumas dessas amalgamadas a outros monólitos feitos de granito –, a artista usou seu próprio corpo grávido para criar os trabalhos. As esculturas com volutas lembram conchas, e têm em algumas de suas faces marcas do corpo. Algumas delas derivaram em outras esculturas, em um processo complexo que envolveu diversas etapas de molde, que antes de endurecer recebia a primeira forma já pronta em porcelana, criando assim marcas, “impressões”, na segunda escultura.

 “Formas grávidas de outras formas, palavras da crítica Daniela Name sobre Celeida Tostes (1929-1995), vibram em mim. Forma e contraforma, o positivo e o negativo, o corpo e seu avesso”, comenta Liana Nigri. Outras artistas que provocam seu trabalho são Brígida Baltar (1959-2022) e Anna Maria Maiolino (1942). “A trajetória e a produção artística dessas mulheres me afetam profundamente, e esses cruzamentos marcam diretamente o meu pensamento e a minha produção”.

Nos desenhos a carvão da série “Cheia”, Liana Nigri fez autorretratos “a partir de um olhar intimista, entendendo o corpo gestacional como uma nova paisagem a ser investigada”. As formas abstratas provocam o olhar e levam a pessoa a se perguntar: “que corpo é esse?”

 

 

 

O AVESSO DO CORPO

Na série de esculturas “Vazante”, no lugar das formas curvas do corpo feminino, o espectador percebe ângulos pontiagudos, cortantes, capazes de penetrar. Liana Nigri usou o metal para reforçar essa contundência, a aparência pontiaguda. “Navego pelos espaços negativos e oriento-me pela escuta de informações contidas no íntimo destes corpos, incluindo suas dobras”, observa.

Na escultura “Bocas em Dobras”, feita a partir da mistura de mármore e resina, com 77 x 26 x 15cm, Liana Nigri também explora o negativo de dobras do corpo.

 

SITE SPECIFIC NA AMAZÔNIA

Em 2018, Liana Nigri fez uma imersão na Amazônia, na Reserva Florestal Adolph Duke, onde criou um site specific. A artista aplicou gesso em contato com uma árvore, e se postou ali por um tempo, abraçada, “provocando uma impressão em três dimensões”. “Neste trabalho, crio contorções que transformam o corpo em matéria, indo ao limite da minha plasticidade. A intenção é me misturar,através da forma, à floresta, ser folha, ser galho, ser cipó”, diz. O registro da ação estará na exposição: uma fotografia em tamanho 1,48 x 1,10m. Um vestígio deste contato em gesso estará também exposto, ainda intacto, recolhido um ano depois da passagem da artista pela residência LabVerde.

As esculturas da série “Contato” são peças em mármore que captam a textura e a topografia da mão em contato com elementos da natureza. “Busco registrar o ‘entre’ dos encontros, quase nunca vistos”. Elas ficarão em caixas pretas sobre uma base de carvão.

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SÉRIE OVO-MUNDO

Na residência artística Terra Una, uma ecovila em Minas, a artista buscou espaços em que pudesse “entrar na terra”, estar envolvida pela terra. Quando encontrou, colocou sobre seu ventre ovos de argila ocos, e ficou ali por um bom tempo, em posição fetal, com o corpo “chocando a forma”. “A forma gerando forma. Não é uma performance, mas a ação de criar uma forma, compartilhada entre o corpo e a matéria”, explica. A escultura de argila foi cozida em queima primitiva, e os veios enfumaçados da peça são o resultado da ação irregular do fogo.

O registro desta ação resultou em um vídeo de 2’10”, que será exibido na mostra.

 

BIOFILME

Durante quatro anos, Liana Nigri fez pesquisas para obtenção de um material orgânico, um biofilme similar a um couro vegetal, composto pela colônia de bactérias que produz a kombucha. A própria artista preparava a fermentação, e descobriu neste material um suporte capaz de criar uma segunda pele apta a capturar marcas, texturas e formas a partir de seus moldes de corpos reais. Na exposição estará a obra “Relicário”, contendo um mamilo feito em biofilme.

 

SOBRE LIANA NIGRI

Liana Nigri nasceu em 1984, no Rio de Janeiro. É artista visual baseada no Rio de Janeiro. Sua pesquisa chama a atenção para a presença do corpo da mulher, uma observação íntima de marcas que evidenciam traços de tempo, experiências, contatos ou traumas. Encontrando voz dentro do espaço vazio de dobras da pele. Anualmente participa de residências artísticas, como LabVerde na Amazônia, “From the Laboratory to the Studio”, em Nova York, “In Context”, na Romênia, Terra Una, na Serra da Mantiqueira, e Despina, no Rio de Janeiro. Em breve será mestre do curso de “Estudos Contemporâneos das Artes” pela UFF, onde investiga a ideia de “Gestos de contato: corpo-matéria”.

 

Serviço: Exposição “Liana Nigri – Gestos de Contato”

7 de dezembro de 2022 a 28 de janeiro de 2023

Anita Schwartz Galeria de Arte

Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro

Telefones: 21.2274.3873 e 2540.6446

Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h

Entrada gratuita

www.anitaschwartz.com.br

 

Imagem: divulgação

By CWeA Comunicação

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