Saiba mais sobre o conceito arquitetônico que une construções feitas pelo homem a elementos da natureza
Ao passo que as cidades se expandem e se apoiam cada vez mais em urbanização e modernidade, cantos mortos começam a surgir. O cinza abundante de prédios e asfalto substitui paisagens naturais que não apenas servem para embelezar os lugares, mas também para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes.
Em São Paulo, por exemplo, 11.372 mortes poderiam ser evitadas caso os indicadores ambientais fossem mais eficientes, incluindo soluções para poluição do ar, aumento de áreas verdes e redução de 1ºC na temperatura média diária. O número equivale a 17% do total de mortes por causas naturais na população adulta.
Disso, 8.409 mortes foram atribuídas à poluição, 2.593 à falta de espaços verdes e 370 ao excesso de calor diário.
Esses dados foram determinados por uma pesquisa liderada pela brasileira Evelise Pereira Barboza, doutoranda do Instituto Global de Saúde (ISGlobal) e da Universidade Pompeu Fabra, na Espanha. Pesquisadores de organizações europeias, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) e da Universidade de São Paulo (USP) também participaram.
Com tais informações, não fica difícil perceber a urgência das necessidades do ser humano em relação à natureza, mesmo que seu próprio espaço de residência tenha sido privado disso – e por suas próprias ações.
Diante desta problemática, a arquitetura é dona de várias estratégias que buscam resolver ou, ao menos, minimizar esse problema, ainda que isso aconteça apenas dentro da casa das pessoas.
Design biofílico
O design biofílico faz parte disso. Do grego, “biofilia” tem um significado sentimental. Bios significa vida, enquanto philia é amizade ou amor. Ou seja, amor à vida.
O termo foi criado em 1964 pelo psicólogo e filósofo Erich Fromm. Mais tarde, em 1984, o biólogo Edward O. Wildon lançou o livro “Biofilia”. A obra trata sobre a relação e a afinidade dos seres humanos junto ao mundo natural, bem como a grandiosa conexão entre as duas partes.
Esse conceito passou a ser mais popular a partir da década de 1980, quando reflexões sobre como as pessoas respondem à presença ou ausência da natureza começaram a se tornar mais fortes.
Apesar disso, a biofilia existe há muito tempo. Os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo, é um exemplo claro. Estima-se que foram construídos entre 605 e 562 a.C.
Hoje, existem diversas empresas e profissionais especializados na união de elementos naturais e ambientes construídos. O design biofílico vem ganhando cada vez mais força, impulsionado pelas crescentes pautas de conscientização ambiental.
Além disso, as plantas adicionam uma estética única aos espaços, assim como tem grande poder de proporcionar bem-estar.
Exemplos de design biolífico
Existem diversas maneiras de incorporar a biofilia à arquitetura de locais internos e externos.
Ecotelhado
O ecotelhado é uma forma de aproveitar a cobertura de prédios e casas. A técnica consiste em cobrir o local com terra e plantas.
Isso ajuda a melhorar a qualidade do ar, a criar um visual mais bonito em contraste ao cenário urbano e a captar a água da chuva ou produzir energia solar – caso esses sistemas também sejam aplicados.
O Shopping Eldorado, por exemplo, localizado na zona oeste de São Paulo, tem seu próprio ecotelhado, utilizado no projeto de compostagem chamado Telhado Verde.
Jardim vertical
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Jardins verticais são ideais para quem não tem muito espaço, mas ainda querem um canto especial para as plantas.
As plantas podem ser presas às paredes em blocos pré-emoldurados, blocos de cerâmica, estruturas de plástico, treliça, vasos e arames.
Para garantir que o jardim dure bastante, é preciso escolher bem as espécies. Em ambientes com muito sol, recomenda-se aspargo-pluma, barba-de-serpente e brilhantina. Para locais com pouco sol ou cultivo interno, antúrio, bromélia e asplênio são as plantas mais indicadas.
Plantas em espaços fechados
Vasos de planta em espaços fechados também pode ser algo considerado condizente à tendência de design biolífico.
Seja sobre os móveis, no chão ou penduradas nas paredes, ter plantas dentro de casa ou do escritório nunca é uma má ideia.
Algumas sugestões de espécies:
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Samambaia
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Cacto
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Dracena
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Jade
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Espada de São Jorge
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Costela de Adão
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Orquídea
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Bambu da Sorte
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Palmeira Areca
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Suculenta
As plantas ajudam a melhorar a qualidade do ar, mas é recomendado que também haja pontos de ventilação, como janelas, portas de correr e até mesmo claraboias.
Madeira
A madeira é um item muito presente em projetos biofílicos, já que o material aumenta ainda mais a percepção de natureza e é incrivelmente versátil.
Quando móveis com design de madeira – principalmente de tons mais claros – se unem a espécies variadas de plantas, o ambiente se torna mais orgânico e aconchegante, imprimindo uma concepção tranquila e agradável aos olhos.
A madeira também pode contribuir com o isolamento acústico ao ser usada em pisos e paredes. Outras soluções biolíficas para problemas com barulho incluem plantas posicionadas em pontos estratégicos ou fontes de água para camuflar os sons.
Áreas externas
Não há nada mais especial do que contemplar a natureza em seu devido lugar: ao ar livre.
Obviamente, a biofilia pode ser incorporada a espaços externos, como jardins, pátios e áreas de piscina. Sob o projeto certo, árvores, grama e flores podem viver em harmonia com estruturas feitas em concreto e madeira, por exemplo.
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By Maria Maria
Imagem: divulgação
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