7º Congresso Latino-Americano de Steel Frame e Construção Industrializada reúne líderes da construção civil para discutir eficiência e sustentabilidade
O painel “Diálogos e propostas da construção industrializada e off-site para a construção de edificações no Brasil” trouxe ao centro das discussões os avanços tecnológicos que estão moldando o futuro das edificações no país, com foco no modelo off-site, que propõe a produção de componentes em fábricas para posterior montagem no canteiro de obras. Luciana Oliveira, gerente técnica e pesquisadora no Laboratório de Tecnologia e Desempenho de Sistemas Construtivos do IPT, foi a moderadora do encontro.
“A construção industrializada se destaca pela racionalização e otimização de processos, com ganhos em produtividade, qualidade e custos. Nesse cenário, observamos uma diversidade de níveis de industrialização devido a fatores variados, como estratégias de atuação de empresas, disponibilidade de sistemas avançados, viabilidade e desenvolvimento de projetos integrados com o uso de ferramentas digitais e a adoção da coordenação modular”, afirmou.
Cenário nacional
Daniel Sigelmann, diretor de Planejamento e Política Nacional da Habitação da SNH/Ministério das Cidades, abordou a aplicação dessas metodologias no contexto brasileiro e apresentou alguns números do Programa Minha Casa Minha Vida. Criado em 2009, o programa soma quase 9 milhões de famílias beneficiadas. A meta de 2023 a 2026 é entregar mais dois milhões de unidades. Em sua manifestação, ele salientou os esforços em resposta à tragédia climática no Rio Grande do Sul.
“A tragédia das enchentes mobilizou todos os recursos e ministérios no processo de reconstrução do Rio Grande do Sul. Estamos dedicando muito do nosso tempo a essa causa e precisamos dar respostas rápidas e significativas, e estamos caminhando nessa direção”, disse.
Luis Fernando Bueno destacou o trabalho desenvolvido no Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP. A entidade tem uma agenda prioritária, que inclui o trabalho conjunto para aumentar a produtividade e a competitividade, bem como a busca contínua pela industrialização.
“Entre nossas frentes estão o fortalecimento da comunicação na cadeia produtiva, regulamentação do setor por meio das normas da ABNT – CB2, capacitação e difusão de conhecimento técnico, além de enfrentar desafios como a escassez de mão de obra e o envelhecimento do quadro atual. Estamos investindo em soluções como BIM, padronização, pré-fabricados, painelização em drywall e steel frame, kits hidráulicos e elétricos, e na logística de paletização e mecanização como algumas das alternativas”, descreveu.
Na sequência, Vladimir Iszlaji, diretor de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Abrainc), ressaltou a importância do planejamento a longo prazo e questões envolvendo a Reforma Tributária.
“Na construção civil, trabalhamos com ciclos longos de três a cinco anos. Isso significa que qualquer nova tecnologia ou método que testamos hoje em uma obra só mostrará seus resultados dentro de alguns anos. Sem previsibilidade a longo prazo, fica difícil investir em tecnologia e industrialização. Desde o Plano Real, o Brasil tem experimentado uma estabilidade que favoreceu esse desenvolvimento, e já avançamos na sistematização e industrialização dentro do próprio canteiro de obras, um primeiro passo necessário, especialmente em razão de nossa estrutura tributária, que ainda penaliza o valor agregado externo ao canteiro. Agora, com a reforma tributária em discussão no Congresso, que propõe a conversão dos impostos de consumo para o IVA, temos uma oportunidade de mudança. Ao eliminar a cumulatividade dos impostos sobre o valor agregado, será menos prejudicial produzir itens de maior valor fora do canteiro e trazê-los prontos para instalação”, detalhou.
Gilberto de Freitas, presidente da Associação Brasileira da Construção Offsite e Modular, destacou como a construção a seco — que elimina o uso de água em processos convencionais — oferece vantagens em termos de eficiência, sustentabilidade e redução de custos.
“A construção industrializada está em evidência, sendo um tema amplamente discutido. Porém, ela é bastante distinta da construção tradicional com a qual estamos acostumados, especialmente na concepção de projetos. Esse modelo se aproxima mais da engenharia mecânica, pois exige um nível de precisão muito maior, passando do centímetro para o milímetro e requerendo uma visão detalhada do projeto de fabricação. Envolve processos industriais, não apenas atividades de canteiro, e demanda técnicas específicas de transporte e instalação de componentes, muitas vezes de grande porte, diretamente no canteiro”, explicou Gilberto.
A presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Luciane Somensi Lorenzi, descreveu as atividades realizadas pela entidade em prol do segmento.
Encerrando o bloco de discussões, Robertto Freitas, vice-presidente da ASBEA-SP, destacou a importância dos escritórios de arquitetura como centros de conhecimento que acumulam décadas de experiência para oferecer soluções inovadoras.
“Muitas vezes não é questão de resolver problemas em uma semana, mas sim em 20 anos e mais uma semana. É uma jornada contínua, onde cada desafio enfrentado se soma ao conhecimento e fortalece a capacidade de resposta do escritório. Na ASBEA-SP, trabalhamos de forma enxuta e focada, sempre com um olhar voltado para a história e para a evolução do setor”, disse.
By PlayPress
Foto: Marcelo Matusiak
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