Arquitetura de terra de Argus Caruso traz soluções sustentáveis alinhadas aos desafios da COP 30

Com a aproximação da COP 30, que inicia na próxima semana em Belém (PA), aumentam as expectativas por soluções concretas que conectem o setor da construção civil às metas globais de neutralidade de carbono e redução das emissões de gases poluentes. Em um momento em que as mudanças climáticas exigem uma transformação profunda nos modos de produzir e habitar as cidades, o arquiteto Argus Caruso, referência em bioconstrução e arquitetura de terra, se destaca ao demonstrar como design, ciência e sustentabilidade podem se unir para transformar o modo como projetamos e habitamos as cidades.

Para o arquiteto, a construção civil precisa urgentemente rever seus processos. O setor é responsável por cerca de 40% das emissões globais de CO₂, e repensar o uso de materiais e métodos pode representar um ponto de inflexão. “O futuro da construção está na integração entre conhecimento ancestral e inovação tecnológica. A terra, o bambu, as fibras e as tintas minerais são materiais vivos, circulares e capazes de regenerar o ambiente em vez de degradá-lo”, explica.

Além das propriedades térmicas e acústicas, a terra também vem sendo usada na produção de tintas naturais, que reduzem o impacto ambiental e proporcionam qualidade de ar superior dentro das edificações. Feitas a partir de pigmentos minerais extraídos do solo, essas tintas dispensam produtos químicos agressivos e processos industriais de alto custo energético, oferecendo durabilidade, estética e sustentabilidade.

Outro exemplo emblemático são os tetos verdes, também conhecidos como coberturas vegetadas, que oferecem múltiplos benefícios ambientais. Outro ponto positivo é o ganho em biodiversidade, já que funcionam como pequenos ecossistemas em meio ao espaço construído.

“Precisamos entender os edifícios como organismos vivos, integrados ao seu ambiente. A inércia térmica da terra crua, por exemplo, pode regular a temperatura interna de uma edificação, mantendo-a até 8°C mais fresca no verão e mais aquecida no inverno, se comparada ao concreto. Isso se traduz em uma redução de até 30% no consumo de energia com climatização artificial. Já um teto verde pode reter água da chuva de 50% a 80% em um evento pluviométrico, aliviando o sistema de drenagem urbana e mitigando enchentes. São tecnologias de base natural que nos permitem repensar as cidades não como problemas climáticos, mas como parte da solução”, afirma o arquiteto.

Mais do que adotar novos materiais, trata-se de transformar a forma de pensar o espaço construído, como um ecossistema integrado ao meio ambiente, e não uma estrutura isolada dele. Caruso, que participou recentemente da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, como um dos curadores da mostra “Terra”, defende que as soluções para o futuro da habitação estão sob nossos pés.

A exposição revelou como a arquitetura de terra vem sendo estudada e aplicada em diferentes contextos internacionais. A mostra reuniu instituições e profissionais de destaque, como o grupo francês CRAterre, a FAU USP e o Laboraterra Arquitetura, que compartilham o mesmo objetivo: democratizar o acesso a técnicas sustentáveis e de baixo impacto ambiental.

Sobre a Argus Caruso Arquitetura

O estúdio Argus Caruso Arquitetura é especializado em projetos que unem design e sustentabilidade, com foco na utilização de materiais naturais e técnicas construtivas de baixo impacto ambiental. Dirigido pelo arquiteto Argus Caruso, o escritório desenvolve soluções inovadoras que promovem a saúde ambiental e o conforto dos usuários. Entre suas obras destacam-se residências que utilizam bambu, terra, fibras naturais, pedras e madeira, sempre com atenção à integração com o entorno e ao uso responsável dos recursos naturais.

Formado pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com mestrado em construções com materiais naturais pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), o arquiteto é também professor do MBA Arquitetura de Luxo da URM-SP (Faculdade Roberto Miranda). Ao longo de sua carreira, trabalhou em escritórios de arquitetura no Brasil, Espanha e Bélgica. Dentre as mais de 30 obras realizadas, destaca-se a reforma do Museu da Imagem e do Som em São Paulo (2008).

Ativista do meio ambiente, Caruso trabalha buscando o mínimo impacto em seus projetos, antes, durante e depois de sua execução. Além da arquitetura, é conhecido pela sua volta ao mundo de bicicleta e suas centenas de palestras em escolas junto ao projeto “Pedalando e Educando”. Atualmente mora em Ubatuba (SP). Em seu escritório, projeta, coordena obras, desenvolve mobiliários e oferece oficinas e consultorias sobre técnicas construtivas com terra crua. Mais informações: www.arguscaruso.com ou Instagram: @arguscaruso.