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Os 10 pontos essenciais da arquitetura de interiores náutica

Para quem é apaixonado pela vida em alto-mar, as especialistas do escritório Freijó Arquitetura compartilham insights sobre as demandas para quem sonha em viver a bordo e outras questões sobre estética, materiais e segurança

Com uma paleta sóbria, este projeto assinado pela Freijó Arquitetura concilia funcionalidade e estética ao unir a cozinha e o comando da embarcação | Foto: Patricia Castilho

Quem nunca sonhou com a liberdade de viver no mar? Sentir a brisa suave da maresia ao acordar, o calor do sol ao entardecer e vê-lo desaparecer no horizonte. Esse desejo por paz e leveza inspira muitas pessoas a adotarem embarcações como moradia.

“Viver ao ar livre e sem um lugar fixo encanta o imaginário”, afirmam as arquitetas Carolina Castilho e Marianna Teixeira, à frente da Freijó Arquitetura. No entanto, a arquitetura de interiores para barcos apresenta particularidades importantes em relação aos projetos residenciais.

Segundo elas, questões como segurança, adaptações para otimizar o espaço, escolha de mobiliário e materiais diferem bastante da aplicação em casas e apartamentos. “A principal diferença está no fato de se tratar do interior de um ambiente móvel”, explica Carol, cuja carreira começou em um estaleiro de iates, onde atuou por dez anos em São Paulo.

Com uma área do escritório dedicada ao segmento náutico, as arquitetas elencam 10 pontos essenciais sobre os projetos que desenvolvem.

Um pouco de história

A vida no mar desperta o fascínio da vida integrada com a natureza | Foto: Freepik

O estilo de decoração náutico tem raízes na estética da marinha britânica do século XIX, marcada por uniformes em azul marinho e branco. “Coco Chanel ajudou a popularizar esse visual ao lançar as peças navy, como a famosa blusa marinière, de listras brancas e azuis”, conta Marianna.

Projetos residenciais x náuticos

A estabilidade do iate é um ponto crucial, enfatizam as arquitetas Carolina Castilho e Marianna Teixeira e, além do limite de peso, a distribuição adequada é fundamental. Cozinhas e banheiros, por exemplo, costumam ser posicionados em bordos opostos, e deve-se evitar elementos pesados nos conveses superiores | Projeto: Freijó Arquitetura | Foto: Patricia Castilho

Diferentemente das construções terrestres, os projetos náuticos exigem atenção redobrada em diversos aspectos ligados à segurança. “O peso dos móveis e materiais é uma das principais preocupações, pois influencia diretamente no comportamento e na segurança da embarcação”, destaca Carol.

“Acessos às saídas de emergência e ao acesso a manutenção precisam ser cuidadosamente planejados, já que qualquer falha mecânica, elétrica ou hidráulica deve poder ser resolvida rapidamente em alto-mar”, completa.

Principais desafios

A pequena cozinha em ‘U’, executada pelas arquitetas, contém todo o apoio necessário para o preparo de refeições e ainda oferta micro-ondas, cooktop, frigobar, cuba e armários personalizados para as louças e utensílios. Como forma de ganhar área de bancada, tanto cooktop como a cuba possuem tampa no mesmo material da bancada, feita em Corian | Projeto: Freijó Arquitetura | Foto: Patricia Castilho

“Projetar um iate é como colocar uma mansão dentro de uma kitnet”, resume Carol. As necessidades de uso são amplas, mas o espaço é extremamente restrito. Além disso, ao contrário das casas, que têm paredes e pisos ortogonais, as embarcações têm superfícies curvas que são, muitas vezes, o próprio casco.

Essa particularidade reduz as áreas de piso úteis e torna o desenvolvimento do projeto mais complexo. “Se tudo não for muito bem pensado, desperdiçam-se espaços preciosos”, alerta a arquiteta.

Equilíbrio entre funcionalidade, conforto e beleza

A metodologia da ‘espiral do projeto’ é aplicada especialmente em projetos complexos, onde os requisitos não são totalmente conhecidos no início ou podem mudar ao longo do tempo | Projeto: Freijó Arquitetura | Foto: Mariana Camargo

Diante das inúmeras restrições técnicas e espaciais, as profissionais adotam a metodologia da ‘espiral do projeto’. A prática consiste em avaliar o projeto de maneira interdisciplinar, aprimorando-o gradualmente a cada etapa. “É um processo de amadurecimento contínuo”, explica Marianna.

Não há como pensar o interior sem compatibilizar arquitetura, estrutura, elétrica, hidráulica, mecânica, segurança e estudo de estabilidade. “As soluções surgem a partir do entendimento sobre quem usará o barco e alinhá-las à engenharia envolvida na construção e operação da embarcação”, afirmam.

Materiais e revestimentos

De acordo com as arquitetas Marianna Teixeira e Carolina Castilho, a arquitetura naval conta com materiais e revestimentos próprios executados com durabilidade estendida e resistentes à umidade, ao sol e a salinidade da água | Foto: Patricia Castilho

Ao especificar materiais para projetos náuticos, elas alertam que é preciso considerar as intempéries: maresia, umidade e intensa exposição solar – até as ferragens exigem atenção.

“Para mesas, por exemplo, pedras mais leves, como uso de honeycomb para alívio de peso, são excelentes alternativas. Já na marcenaria, substituir o MDF pelo compensado naval garante resistência e menor peso”, orienta Carol.

Escolha do mobiliário

Tecidos sintéticos como poliéster são adequados para resistir aos raios UV e à umidade. Outro material indicado pelas profissionais da Freijó Arquitetura é o courvin náutico devido à sua resistência à água, desgaste, proteção UV, além de ser tratado para ser antimofo e antibacteriano | Foto: Patricia Castilho

O espaço compacto faz da ergonomia um desafio, uma vez que é primordial garantir conforto sem desperdiçar centímetros.

Os corredores e vãos das embarcações são naturalmente mais estreitos do que em projetos residenciais — o que, além de otimizar o espaço, ajuda o usuário a se apoiar durante o movimento do barco. “Para evitar a sensação de claustrofobia, vale apostar em tons claros”, recomenda Marianna.

Traduzindo o estilo do cliente

Os projetos de interiores de embarcações demandam o aproveitamento máximo do espaço disponível. As paredes, por exemplo, podem ser usadas como suporte para varas de pesca e outros itens menores | Projeto: Freijó Arquitetura | Foto: Paulo Schlick

De acordo com elas, o ponto de partida é sempre entender o perfil do proprietário. “Assim como na arquitetura residencial, tudo começa com um bom briefing”, afirma Carol. Saber se o cliente passará dias embarcado ou pretende apenas realizar passeios curtos influenciam totalmente na distribuição do espaço. “O número de pessoas também é determinante para idealizar o tamanho das áreas de refeições até a quantidade de armários”, enumera Marianna.

Como os espaços são reduzidos, a tomada de decisões deve ser cuidadosa. “Em um barco, qualquer escolha priorizada compromete outra, então precisamos entender profundamente o que é mais relevante para o proprietário da embarcação”, ressalta Carol.

Tendências atuais

A proximidade com o ar protagoniza os momentos mais especiais em alto-mar | Foto: Freepik

Entre as referências mais fortes, elas destacam o uso de grandes superfícies envidraçadas onde for possível. “Os panos de vidro ampliam a integração entre o interior e exterior, trazendo o mar para dentro do projeto”, destaca Marianna. A menor compartimentação dos ambientes e a multifuncionalidade auxiliam no ganho de espaço.

“Muitas vezes o barco precisa funcionar como área de lazer, espaço de convivência e até home office. Isso exige soluções sob medida tal qual uma alfaiataria naval”, compara Carol.

O bem-estar também é pauta. “É comum pedidos de ambientes voltados para a meditação, sauna, spa e práticas de wellness, possibilidades que reiteram a presença do autocuidado dentro dos iates”, afirma Marianna. Ademais, materiais eco-friendly e paletas naturais também estão entre as preferências atuais.

Futuro da arquitetura naval

“O avanço dos produtos sustentáveis é inevitável e no mercado naval não será diferente”, pontua Carol que observa a movimentação da indústria náutica para a produção de embarcações mais eco-friendly.

“Acreditamos que o próprio público vai impulsionar essa transformação, demandando barcos alinhados aos princípios ecológicos e comprometidos com o meio ambiente”, conclui Marianna.

Sobre a Freijó Arquitetura

Fundado em 2011, o escritório é comandado pelas arquitetas Carolina Castilho e Marianna Teixeira. Atualmente, a Freijó Arquitetura reúne três frentes de trabalho: arquitetura, design de interiores e yacht design.

Natural de Campinas, Carolina é arquiteta e urbanista formada pela FAU USP, mestre em Inovação na Construção Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e possui MBA em Gestão de Projetos, Processos de Negócios e Tecnologia no IPT-USP. Iniciou a sua carreira na área náutica, o que lhe trouxe um rigor com a qualidade e uma paixão por desenvolver projetos customizados para cada cliente. Sensível e dedicada, se inspira nas histórias de cada um deles para criar espaços que enriqueçam suas vidas.

Mineira, Marianna é arquiteta e urbanista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e possui MBA em Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. De descendência suíça, passou a infância entre Minas Gerais e a Europa, vivência que ampliou seu repertório e contato com a natureza. Essa experiência se reflete na sensibilidade com que aplica materiais e texturas naturais em seus projetos.

Freijó Arquitetura

@freijoarquitetura

(11) 98228-2233 e (11) 97317-7932

https://freijoarquitetura.com/

info@freijoarquitetura.arq.br

 

By dc33 Comunicação
Foto: Patricia Castilho, Mariana Camargo, Paulo Schlick e Freepik

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