

A coleção Kaari, da marca finlandesa Artek, com móveis que têm como elemento comum um componete de aço dobrado na base
Detentora de um portfólio de respeito, que inclui criações de mestres como Alvar Aalto, a finlandesa Artek enfrenta o desafio comum a todas as marcas que carregam uma forte herança histórica: se reinventar sem perder a identidade. “Trata-se de um esforço permanente para uma pequena empresa como a nossa, ainda que pertençamos a um grupo de forte atuação internacional como a Vitra”, declara a portuguesa Joana Mouta, diretora de marketing da marca, que visitou São Paulo na semana passada e falou ao Casa.
A tradição escandinava está bastante presente nas novas criações Artek. Como lidar com a questão do passado na hora de criar o hoje?
A Artek é um projeto que nasceu há 80 anos, acompanhando a história de uma jovem nação, a Finlândia. Nasceu como um veículo de novas ideias e creio que essa condição ficou para sempre impressa no DNA da empresa. De maneira natural, os designers que se aproximam de nós partilham um mesmo ideal: criar, com materiais naturais, objetos capazes de resistir ao tempo, de transcender a história. Trabalhamos não tendo em vista moda ou tendências, mas sim um ideal de permanência. A nós interessa criar os futuros clássicos e, nesse sentido, acreditamos que nossos móveis não poderiam ser mais atuais.
Como as condições locais influenciam o design nos países escandinavos?
O design nórdico tem características muito específicas. As peças têm dimensões modestas porque os espaços no norte da Europa são muito pequenos. A utilização de materiais naturais, como a madeira bétula do Báltico é outra particularidade, que garante uma estética muito nórdica a nossos móveis. Além disso, como durante o inverno dispomos de poucas horas de sol, os interiores das casas são sempre claros, apenas pontuado de cores. A questão da luz é tão fundamental que até mesmo as luminárias tendem a enfatizar a luz indireta, aproximando-se, o máximo possível, da natural.
Quais questões interessam à marca hoje?
Fundamentalmente, conteúdo, identidade e sustentabilidade. Como expliquei, nosso interesse nunca foi apenas ser uma marca de mobiliário. Mas um projeto ideológico e cultural. A vocação internacional da marca, por sua vez, impõe uma questão de idêntica importância: levar a Finlândia para o mundo, mas sempre preservando nossos valores. Por fim, a sustentabilidade é para nós um dado sempre presente. Pretendemos continuar a criar peças capazes de durar uma vida, atravessar gerações e envelhecer graciosamente, ganhando, tal qual as pessoas, uma bonita pátina do tempo.
Fonte: Estadão