Na madrugada desta quinta-feira, dia 05 de março, o Estado do Paraná perdeu uma de suas grandes mentes e, principalmente, um de seus grandes idealizadores: Ayrton João Cornelsen, mais conhecido como Lolô Cornelsen. Aos 97 anos, Lolô foi vítima de uma falência múltipla dos órgãos e acabou falecendo no Hospital Vita, em Curitiba. Ele deixa quatro filhos, sete netos e sete bisnetos.
Nascido em 07 de julho de 1922, o inquieto e incansável Lolô Cornelsen se formou simultaneamente em arquitetura e engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), ganhando projeção nacional como um dos últimos arquitetos da geração de modernistas brasileiros. Apelidado de “Homem Asfalto”, o curitibano foi diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, sendo responsável, a partir de 1950, pela pavimentação de mais de 400 quilômetros de rodovias que interligaram o Estado, contribuindo diretamente para o desenvolvimento social e econômico paranaense. Além disso, planejou a colonização do oeste e sudoeste do Paraná, estruturando diversas novas cidades com planos diretores, e foi responsável pelo projeto de alguns marcos do urbanismo, entre eles a Rodovia do Café, a Estrada da Graciosa e o ferry-boat de Guaratuba.
A fama Lolô Cornelsen era tanta que ele chegou a ser escolhido pelo presidente Juscelino Kubitschek para divulgar a arquitetura brasileira no exterior. Consequentemente, todo esse trabalho com estradas e rodovias fez com que Lolô se transformasse em um dos grandes especialistas no desenvolvimento de autódromos. Entre seus grandes trabalhos se destacam algumas obras icônicas espalhadas pelo mundo, sempre carregando a identidade única do arquiteto: Autódromo Internacional de Curitiba, Autódromo de Jacarepaguá (Rio de Janeiro), Autódromo de Luanda (Angola) e Autódromo de Estoril (Portugal).
Com muita criatividade e técnica, o curitibano construiu por décadas um currículo amplo e com uma grande diversidade de trabalhos, que envolvem, entre outros, casas modernistas, clubes, hospitais, escolas, campos de golfe e hotéis em países da Europa, África, América do Norte e do Sul. Curiosamente, o arquiteto também foi o inventor da caixa de brita, que ganhou fama na Fórmula 1, e do elevador panorâmico, apesar de não ter patenteado suas invenções.
Lolô e o Futebol
Pouca gente sabe, mas Lolô Cornelsen também marcou seu nome na história do futebol paranaense, sendo tricampeão do Campeonato Paranaense de Futebol com a camisa do Athletico Paranaense – amador de 1943 e 1944 – e com o time principal, em 1945. O arquiteto e ex-jogador também foi responsável por uma significante mudança no escudo do clube, sendo o criador do tradicional “CAP” estilizado e inspirado no estilo barroco que acompanhou o rubro-negro até 2019. Além da paixão que sempre carregou pelo Furacão, Lolô foi idealizador do projeto original do Estádio Couto Pereira, do Coritiba, e da Vila Olímpica do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, e contribuiu diretamente para inúmeros outros estádios de futebol, entre eles o Pinheirão, em Curitiba, e o Mineirão, em Belo Horizonte.
O corpo de Lolô Cornelsen será velado a partir das 15h, no Cemitério Luterano (Rua Ivo Leão, 205 – Alto da Glória), e o enterro também será realizado na tarde de hoje, a partir das 17h.
Por Eduardo Betinardi – P+G Comunicação Integrada
Imagem: Divulgação