Profissionais expõem no Espaço Cultural Inter TV, em Petrópolis, no RJ.
Mostra ‘Design Petrópolis’ acontece de 4 a 14 de novembro.
A marcenaria e o design andam de mãos dadas e a prova disso são as peças produzidas por Gustavo Bittencourt, Rodrigo Simão, Guga Casari e pelo grupo Elon Móveis de Design, quatro dos 12 profissionais e empresas que irão expor no Espaço Cultural Inter TV. As atrações fazem parte do ‘Design Petrópolis‘, na Região Serrana do Rio, que acontece de 4 a 14 de novembro. A mostra fica na Rua Imperatriz, 327, no Centro da cidade, e pode ser conferida de segunda a sábado, de 09h às 17h.
“Casa de ferreiro, espeto de pau”
As peças de Gustavo Bittencourt, por exemplo, nasceram de uma necessidade pessoal. Após se mudar para uma casa nova, percebeu que faltava uma cadeira na mesa de jantar. Sua esposa, diariamente, cobrava a peça na sala de jantar e foi a partir daí que nasceu a “banqueta Iaiá”. Ele utilizou a madeira e o metal como matéria-prima e teve os mestres do modernismo brasileiro como inspiração.
“É como diz o ditado ‘casa de ferreiro, espeto de pau’, mas também quando fiz a cadeira consegui homenagear minha esposa e fiquei muito feliz com isso. Além da cadeira Iaiá, vou levar a poltrona Nono, que faz referência a marcenaria tradicional, com encaixes simples, utilizando uma combinação muito elegante entre palhinha e madeira, mas que pode ser desmontada facilitando não só a fabricação, mas toda a logística de transporte, armazenamento, manutenção, uso e desuso. Além disso, remete as poltronas de balanço tradicionais, com uma leveza transmitida por linhas retas e encaixes precisos”, contou.
Gustavo é bacharel em desenho industrial pela UFRJ e tem especialização em design de móveis. Da mãe, arquiteta, herdou a paixão pelo design e ainda na faculdade focou seus estudos na produção de móveis, tendo alguns deles premiados em concurso. Desde 2013, trabalha na produção de seus próprios móveis e fundou o Atelier Gustavo Bittencourt, em Petrópolis.
Paixão que vem de berço
Quem também herdou o interesse da família foi Rodrigo Simão. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ, sua paixão pelo design veio do pai, também arquiteto e construtor. Para a exposição, ele leva três peças: a cadeira de balanço Feijão, feita de madeira laminada colada e prensada, tendo estrutura de pedaços descartados de espécies nobres brasileiras; a gangorra Maldivas, que se aproveita de pedaços de assoalho de madeiras brasileiras nobres; e o cabideiro Abraço, feito a partir de pedaços de madeiras, que escaparam do descarte e adquiriram novas formas.
“No caso da cadeira de balanço Feijão foram utilizados restos de madeiras brasileiras extintas consideradas de alta qualidade. Tais peças, dos mais variados tamanhos, são laminados, colados e prensados dando forma ao feijão”, explica Rodrigo.
A representividade da madeira
Já o design Guga Casari fez da herança do avô sua profissão. Ele herdou diversos equipamentos de marcenaria e explica que, quando jovem, a família tinha uma indústria de caixas artesanais pintadas a mão. Autodidata, Guga conta que foi lá que começou a desenhar e fabricar seus móveis e objetos.
“O móvel de madeira tem, para mim, uma lembrança de acolhimento do lar. Mesas e cadeiras representam união, conversas sem fim e calor doméstico”, confessou.
Para a exposição, ele leva uma cadeira batizada com o nome da cidade. A cadeira Petrópolis foi um laboratório para testar um desenho que remetesse ao clássico, em um projeto CAD 3D. Aliando a tecnologia, ergonomia, conforto e leveza, a peça se apresenta como um registro das várias possibilidades e combinações em marcenaria, design e automoção voltado ao produto hign end.
O segundo objeto feito por Guga e que poderá ser visto na exposição é a mesa Estilingue. “É uma peça que faço desde 1993 e já teve várias combinações de madeiras. A que será exposta é feita em parte de madeira recuperada (o pé) de demolição – Peroba do Campo. O desafio formal era o de trançar três estilingues formando uma estrutura extremamente leve e resistente, alem de muito economica no uso de materiais”, explicou.
Da tradição, uma nova marca
A empresa Elon Móveis de Design nasceu da tradicional marca Show Móveis, que está no mercado há 30 anos. Para exposição, três peças serão levadas, duas poltronas e um conjunto de mesa e bancos, chamada Uni Duni Tê, do design Freddy Van Camp, que utilizou uma estrutura de MDF laqueada para produção da obra. As poltronas, uma chamada Mamulengo, é assinada pelo design Eduardo Baroni, e foi produzida em 2013, utilizando uma estrutura de compensado multilaminado e acabamento em laca; e Vento, desenhada por Bernardo Senna, é feita com madeira maciça freijó, com detalhes em jacarandá, estofados em couro natural e debrum em seda pura.
“A poltrona Mamulengo é uma escultura de sentar. Ela oferece um conforto incrível graças a sua forma orgânica obtida através de estudos ergonômicos realizados em softwares 3D. Vento se utiliza de blocos regulares como tijolos livres, flutuando no ar, que foi a imagem que definiu o conceito desse produto. Foi a partir desse ponto que surgiu o desafio de unir esses elementos de forma funcional, sem eliminar a independência visual de cada um deles. Como resultado, tivemos estruturas em balanço e treliçadas, inspirada no rigor funcional das pontes, mas também na força da madeira e tradição da marcenaria”, explica um dos sócios do grupo Show Móveis, o empresário Rogério Cola Noel.
A mesa e bancos levados pelo grupo é multifuncional. Brincando com a quantidade de furos e com alturas diferentes nos tampos, o conjunto Uni Duni e Tê traz para o ambiente de uso uma ideia divertida, que brinca com as diferentes cores.
Fonte: G1