O projeto Acre, Made in Amazônia é uma iniciativa do governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (SEDENS) e Instituto Dom Moacyr (IDM), em parceria com o SEBRAE/AC, Sistema FIEAC e POLI.design, Consórcio do Politécnico de Milão, com apoio e colaboração da primeira-dama, a arquiteta Marlúcia Cândida. O projeto será apresentado em uma exposição na primeira edição da feira High Design – Home & Office Expo, de 09 a 11 de agosto no São Paulo Expo, que tem a proposta de tornar-se o principal evento internacional de design em mobiliário da América Latina.
O projeto visa aproveitar a riqueza e a biodiversidade dos recursos naturais da Floresta Amazônica de forma ambiental, econômica e socialmente responsável, desenvolvendo um novo polo moveleiro industrial independente a partir da criação de móveis contemporâneos inspirados na identidade da cultura local e assinados por designers de renome internacional.
Acre, Made in Amazônia promove a introdução de novas madeiras da região do Acre com certificação do Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) e FSC Comunitário, modalidade exclusiva para produtos de florestas manejadas por pequenos produtores ou comunidades.
A direção do workshop projetual foi conduzida pelos designers Bernardo Senna e Emmanuel Gallina e coordenadores Elisângela Rocha (IDM/SEDENS) e, da POLI.design, Arturo Dell’Acqua Bellavitis, Giuliano Simonelli, Eugenia Chiara, Valentina Auricchio e Roberto Galisai, além da contribuição de pesquisadores de renome no Brasil, como Zoy Anastassakis. Esses profissionais estiveram à frente de uma classe de 35 estudantes entre 18 e 60 anos, formada por arquitetos, marceneiros, filhos de marceneiros e artistas locais que participaram da idealização dos móveis e da comunicação do projeto por meio de oficinas de design.
O resultado são cinco linhas de mobiliário de design contemporâneo – Palafita, Jatobá, Empa-te, Yuxin e Estrela – com madeiras locais: cedro, cerejeira, cumaru-ferro, itaúba, jatobá e tauari. Mesas, bancos, buffets e cadeiras deverão ser comercializadas em lojas de mobiliários de todo o Brasil, difundindo a identidade do Acre em uma roupagem contemporânea que traduz a cultura regional, desenvolve a indústria e as comunidades locais, promove a biodiversidade da floresta Amazônica e aposta na extração controlada da madeira.
“Acredito que criamos produtos com identidade e personalidade para um mundo real, considerando as demandas de mercado e provando que é possível construir sem destruir”, avalia Bernardo Senna. A ideia é que o Acre, Made in Amazônia sirva de exemplo para outras comunidades do país e mostre que o uso sustentável da floresta é viável.
“Este projeto tem como resultado o uso racional da floresta. Aqui mostramos que é possível preservar a floresta e aplicar design na matéria prima manejada”, comentou a arquiteta Marlúcia Cândida.
Produtos: características das linhas do mobiliário
Os conceitos das diversas linhas foram elaborados dentro do curso de formação, que envolveu estudantes da faculdade de arquitetura, artistas e marceneiros. Juntos, eles identificaram as diversas almas da cultura local e criaram uma “gramática visual acreana” que, posteriormente, foi usada como inspiração no projeto e na comunicação visual dos móveis. Cada linha contém um mundo originado na escolha dos próprios nomes, que são tradicionais e simbólicos.
Palafita – equilíbrio desequilibrado: seus móveis possuem diferentes alturas, como as casas nas margens do rio. As pernas dessa coleção foram inspiradas na vida do povo ribeirinho. As duas madeiras diferentes usadas na base indicam o nível da água. Design de Bernardo Senna e Emmanuel Gallina.
Jatobá – diversidade em Madeira: diferentes tipos de madeira dançam ao ritmo do forró, compondo as formas orgânicas dessa coleção destinada a espaços públicos, recepções e halls de hotéis. Direção de Arte de Bernardo Senna e Emmanuel Gallina.
Empate – duas essências em contraste: roxinho e cerejeira duas madeiras nobres da Amazônia, encontram-se nas juntas com malhete dessa coleção de mobiliário, assim como os fazendeiros e seringueiros nos “empates”, as manifestações organizadas por Chico Mendes. Design de Emmanuel Gallina e Bernardo Senna.
Yuxin – motivos ancestrais: os símbolos ancestrais das tribos indígenas do Acre tornam-se o motivo inspirador dessa linha de cadeiras e mesas para dentro de casa. Direção de Arte Emmanuel Gallina.
Estrela – estrela altaneira: símbolo da bandeira do Acre, a Estrela Altaneira representa o sangue dos bravos que lutaram pela anexação da área do atual estado do Acre ao Brasil. Design de Bernardo Senna.
O manejo florestal – o que é?
Administrar a floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando seu ecossistema e a cultura de seu povo é o que define o manejo sustentável comunitário no Acre.
Além de proteger a natureza e fazer com que as espécies se perpetuem, a comunidade que vive na floresta começou a planejar suas atividades. Dessa forma, o produtor explora com consciência determinado recurso e evita desperdícios. O resultado é claro: onde há comunidade economicamente ativa, maior a fiscalização e a garantia da venda legal de madeira.
Antes de o manejo comunitário ser uma realidade na região, as famílias ficavam isoladas na floresta. Os serviços de saúde eram escassos, as crianças estudavam até, no máximo, o oitavo ano, não existia energia elétrica, transporte público, nem vias de acesso para a cidade. Com o trabalho do manejo, as famílias passaram a contar com uma vida mais digna e confortável, dispondo de renda mensal que pode chegar até R$ 3mil, energia elétrica, estradas, sistema de saúde, escolas e, em alguns casos, acesso à universidade.
A extração legalizada da madeira é o princípio desse sistema, que explora com consciência a diversidade da madeira na floresta Amazônica, por meio do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Um exemplo são os números da exploração comercial de 30m³ por hectare contra 7m³ no manejo social. Isso acontece por conta do controle minucioso da extração, que garante a renovação da floresta.
O corte manejado é feito por meio de critérios rigorosos e as espécies são mapeadas por meio de GPS, em que cada árvore é um ponto único, denominada indivíduo. Respeitar o ciclo de vida da floresta é uma premissa básica e o corte de um indivíduo somente é possível após ele deixar descendentes. Ou seja, a extração de uma árvore de 70 anos na mesma área é permitida após a manutenção de uma de 30 anos e duas de 15 anos da mesma espécie. O corte adequado e a queda direcionada das árvores provoca menor impacto ambiental e preserva preferencialmente árvores de espécies protegidas por lei e manejadas.
Designers
Emmanuel Gallina
Para descrever seu trabalho como designer, Emmanuel gosta de citar Constantin Brancusi: “Simplicidade é a complexidade resolvida”. Elegância, clareza e simplicidade são fundamentais para o trabalho de Emmanuel Gallina. Sua ética de criação da autenticidade e coerência é incorporada em cada um de seus projetos. Para ele, atenção aos detalhes é uma prioridade constante nos contornos, formas e funcionalidade do seu trabalho. Graduado na ENAD (Limoges) e IAV (Orléans), ele aprofundou seus conhecimentos no Politecnico di Milano, tendo obtido um diploma de mestre em Design & Management. Seus projetos, com marcas internacionais, decididamente contemporâneas, tais como Poliform, Accor, Panasonic, Rotaliana, Fast, Colé, Forestier, Clen, Nodus, Toulemonde Bochart, todos apresentam um sentimento de harmonia e simplicidade. Desde 2010, Gallina é consultor de estratégias de marketing e identidade visual (design) para empresas, como diretor de arte. Emmanuel ensina no Politecnico di Milano, é tutor na Domus Academy, bem como EBABX em Bordeaux. Ele é frequentemente solicitado para palestras, conferências e workshops na França, Itália, China ou Brasil.
Bernardo Senna
O carioca Bernardo Senna formou-se em design de produto na UFRJ em 1997. Sua filosofia de design é focada na surpresa: novos produtos devem trazer ideias não vistas e propostas para instigar a curiosidade das pessoas. Dessa forma, elas se abrem para novas possibilidades. Em seus projetos, ocorre uma incessante busca por usos inovadores de tecnologias conhecidas. Seus clientes incluem Allê Design, Schuster, Brasil Post, Madesol, Tok & Stok, Trama Fhina e Maze (Suécia). Entre seus prêmios e exposições: a coleção Gênios do Design, da Tok & Stok, com a estante Torta, em 2002; a exposição Arte de Reciclar organizada pela Recicloteca, em 2002; a mostra Salão Design Movelsul 2004, com a mesa Ritmo e o primeiro lugar no Prêmio Mais com Menos Madeira do Sebrae(RO) e Instituto Europeu de Design. Foi jurado dos con-cursos Salão Design Casa Brasil 2009, Tok & Stok para estudantes 2009, Salão Design Movelsul 2010, Masisa 2010 e Movelpar 2011.
Gramática Visual
Os conceitos das diversas linhas foram elaborados dentro de um curso de formação, que envolveu estudantes da faculdade de arquitetura, artistas e marceneiros guiados pela designer italiana Eugenia Chiara. Juntos, eles identificaram as diversas almas da cultura local e criaram uma “gramática visual acreana” que, posteriormente, foi usada como inspiração no projeto e na comunicação visual dos móveis.
Cada linha contém um mundo originado na escolha dos próprios nomes, que são tradicionais e simbólicos. Palafita (nome das casas tradicionais situadas sobre os rios); Yuxin, Empate e Estrela (parte da mística indígena e também referem-se a personagens arquetípicos da população local: o seringueiro, o pajé e o pescador do rio); e Jatobá (combinação das madeiras locais).
Equipe
Realização
Governo do Acre
Concepção do projeto
Primeira-dama e arquiteta Marlúcia Cândida.
Parceiros
Sebrae, Sistema Fieac e POLI.design, Consórcio do Politécnico de Milão
Coordenação científica
Giuliano Simonelli
Arturo Dell’Acqua Bellavitis
Valentina Auricchio
Eugenia Chiara
Coordenação
Eugenia Chiara
Elisângela Rocha
Valentina Auricchio
Roberto Galisai
Marco Brandão
Pesquisadores
Zoy Anastassakis
Eugenia Chiara
Designers
Emmanuel Gallina
Bernardo Senna
Técnico de produção
Sergio Frison
Direção de arte
Eugenia Chiara
Diagramação
Carolina Novaes Carvalho
Fotografia
Alessandro Brasile
Nilton Coelho
Brando Cimarosti
Ilustrações
Wennedy Figueiras
Tiago Tosh
Coordenação comercial e Marketing
Sandro Amaral
Textos
Eugenia Chiara
Compor Comunicação
Comunicação
Compor Comunicação
Empresas Envolvidas
Laboratório do Polo Moveleiro/SEDENS
Laboratório do CETEMM/SENAI
Sulatina
Nascibell
Iiba
Real Móveis
Três Irmãos
Prototipação
Laboratório do Polo Moveleiro/SEDENS
Laboratório do CETEMM/SENAI
Sulatina
Nascibell
Iiba
Real Móveis
Três Irmãos
High Design – Home & Office Expo
Estande A069
De 09 a 11 de Agosto de 2016, das 10h às 20h
São Paulo Expo – Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5
Acre made in Amazônia
Coordenadora do Projeto – Elisângela Rocha/SEDENS
Tel.: 55 68 99985-3677
Juliana Victorino & Patricia Buarque
Compor Comunicacao