A mostra pode ser visitada gratuitamente pelo público de terça a sexta, das 14h às 20h, mediante agendamento prévio pelo site sescsp.org.br/bienalnaifs. A permanência máxima na unidade é de 90 minutos e o uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas durante toda a visita. No Sesc, as atividades presenciais seguem protocolos de órgãos de saúde pública para evitar o contágio e disseminação da Covid-19
Está aberta para visitação a 15ª Bienal Naïfs do Brasil, promovida pelo Sesc São Paulo na unidade de Piracicaba. O projeto expográfico assinado pela arquiteta e cenógrafa Carmela Rocha e por Beatrice Perracini parte de um mergulho na produção naïf, representada nesta edição por uma grande diversidade de produções artísticas que vão do norte ao sul do país, passando por ambientes rurais e urbanos, e traduzindo-se em diferentes cores, expressões e linguagens.
Com curadoria de Ana Avelar e Renata Felinto, a Bienal reúne mais de 250 obras em suportes diversos (instalações, pinturas, desenhos, colagens, gravuras, esculturas, bordados, marcheteria e entalhes) criadas por 125 artistas de 21 estados do país, além do Distrito Federal. O tema da Bienal, Ideias para adiar o fim da arte, é uma referência direta ao pensamento do líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro Ailton Krenak e ao filósofo e crítico de arte americano Arthur Danto.
Em diálogo com o corpo expositivo, as artistas Carmela Pereira, Leda Catunda, Raquel Trindade e Sonia Gomes integram a mostra a convite das curadoras. Ana Mae Barbosa e Lélia Coelho Frota, mulheres intelectuais brasileiras que demonstraram em suas pesquisas a preocupação e o cuidado com o entendimento da pessoa artista e de sua produção de forma mais humana e plural, também são reverenciadas no processo curatorial.
A expografia busca reinterpretar a produção naïf, encontrando na arquitetura das diferentes regiões brasileiras a inspiração para ocupar o espaço como fundo e como figura a receber e dialogar com as obras. As tramas reaparecem na exposição em painéis de madeira trabalhados que organizam o espaço e a narrativa separando e ao mesmo tempo integrando as diferentes áreas propostas pela curadoria da mostra – Festas, Mulheres, Política, Meio-Ambiente e Esculturas e Brinquedos.
A trama dos painéis não simboliza apenas a riqueza do trabalho manual, mas traz, ainda, para dentro do espaço a mão dos artesãos-marceneiros que construíram a expografia para um diálogo com a mão dos artistas. A madeira, como material predominante na expografia, torna-se neutra para receber as obras multicoloridas, destacando-as do fundo.
“A expografia busca dialogar com a diversidade presente na mostra, ampliando a potência espaço-temporal ao lidar com diferentes tradições da arquitetura vernacular, conectando com parte do nosso imaginário como brasileiros”, explica Carmela Rocha, que assina o projeto expográfico. A arquiteta reforça que a proposta é mergulhar na produção artística naïf, em especial para os olhares múltiplos dos artistas que compõem a 15ª edição da Bienal.
Em uma segunda área da exposição, para os ateliês de três artistas homenageadas – Carmela Pereira, Raquel Trindade e Sanipã – foram criados espaços circulares, que aludem a seus locais de trabalho e ocupam a área da antiga varanda da sala expositiva do Sesc Piracicaba.
Esses três espaços circulares somados a um quarto elipsoidal, onde localiza-se o Educativo (espaço reservado para atividades educativas, uma espécie de ateliê para todos), foram “escavados” de uma floresta de fios verdes que preenchem todo ambiente, servindo tanto para filtragem da luz quanto como barreira permeável que permite a ventilação cruzada do espaço. Simbolicamente, esses fios aludem às fitas de festas populares, e sua cor verde e materialidade sintética trazem um pouco da cultura urbana e popular.
Na entrada da exposição, no térreo do edifício, as outras duas artistas homenageadas – Leda Catunda e Sônia Gomes – preenchem o pé-direito duplo do espaço e dialogam com brinquedos e esculturas expostos, como um chamariz, um convite para entrar.
A BIENAL
Realizada pelo Sesc São Paulo em Piracicaba desde o início da década de 1990, a Bienal Naïfs do Brasil é um convite para o público refletir sobre a prática de artistas que se identificam com esse segmento da produção artística chamado de naïf. Nesta 15ª edição, a partir do título Ideias para adiar o fim da arte, a mostra traz discussões sobre temas como meio ambiente; o feminino como força social, como divindade e como figura do sagrado; as violências estruturais históricas; os espaços de coletividade e sociabilidade em ritos, festas e cerimônias; e o debate sobre objetualidade e utilidade.
Segundo Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc São Paulo, “a longeva relação do Sesc com esse universo, que antecede a realização das Bienais Naïfs do Brasil, está ligada ao reconhecimento de que a arte popular merece um espaço condizente com sua relevância. Além disso, essa trajetória colaborou para que a própria instituição alargasse seus horizontes e sua compreensão sobre ação cultural, evidenciando as conexões entre cultura, democracia e cidadania. Cada nova edição impõe desafios sintonizados com contextos cambiantes e suas urgentes questões. Pois o presente é um caleidoscópio de temporalidades, onde passados e futuros são disputados – e a arte é uma das principais expressões dessa tão humana condição”.
LISTA DE ARTISTAS
Adão Domicino (Cuiabá-MT) | Adolphe (Embu das Artes-SP) | Albina Santos (Cuiabá-MT) | Alcides Peixe (São Paulo-SP) | Aldenor Prateiro (Parnamirim-RN) | Alexandra Adamoli (Piracicaba-SP) | Alexandra Jacob (Piracicaba-SP) | Alice Masiero (Morungaba-SP) | Altamira (Penápolis-SP) | Alteridades (Campo Limpo Paulista-SP) | Ana Andrade (João Pessoa-PB) | André Cunha (Paraty-RJ) | Andrea Mendes (São Paulo-SP) | Angeles Paredes (Sorocaba-SP) | Antônio Eustáquio (Brasília-DF) | Arivanio Alves (Quixelô-CE) | Arnaldo Lobato (São Luís-MA) | Avelar Amorim (Teresina-PI) | Benedito Silva (Cuiabá-MT) | Bia Telles (Poços de Caldas-MG) | Binário Armada (São Paulo-SP) | Carmela Pereira (Piracicaba-SP) | Carmézia (Boa Vista-RR) | Carminha (Palmas-TO) | Cecílio Vera (Campo Grande-MS) | Coletivo Vermelho – Adriano Dias, Carminha, Cecília Menezes, Con Silva, Dulce Martins, Fátima Carvalho, Gildásio Jardim, Helena Coelho, Luciana Mariano, Nonato Araújo, Tito Lobo, Val Vargarida, Vânia Farah, Willi de Carvalho (Belo Horizonte-MG) | Con Silva (Batatais-SP) | Conceição da Silva (São Paulo-SP) | Cris Proença (Franco da Rocha-SP) | Dani Vitório (São Paulo-SP) | Dhiani Pa’saro (Manaus-AM) | Diogo da Cruz (Águas de Lindóia-SP) | Doni7 (São Paulo-SP) | Duhigó (Manaus-AM) | Dulce Martins (Santos-SP) | E. Pereira (São Paulo – SP) | Edgard Di Oliveira (São José do Rio Preto-SP) | Edmar Fernandes (Recife-PE) | Eduardo Ojú (São Mateus-ES) | Eri Alves (São Paulo-SP) | Eriba Chagas (São Paulo-SP) | Erlei Pereira (Sete Lagoas-MG) | Ermelinda (Rio de Janeiro-RJ) Euclides Coimbra (Ribeirão Preto-SP) | Estrack (Piracicaba-SP) | Fabiano Quaresma (Campina Grande-PB) | Fernando Araújo (Breves-PA) | Fernando JC Andrada (Florianópolis-SC) | Gilmar Antunes (São Paulo-SP) | Givagomes (Chapada dos Guimarães-MT) | Guarigazí (João Pessoa-PB) | Hebe Sol (Manaus-AM) | Helaine Malca (Embu das Artes-SP) | Hellen Audrey (Campinas-SP) | Hiorlando (Água Doce do Maranhão-MA) | Joilson Pontes (Santa Luzia-MG) | Honório (São Luís-MA) | Iranildes Bufalo (São Paulo-SP) | Ivone Mendes (Olinda-SP) | J.Lemos (Mirassol-SP) | Jonata Navegantes (Belém-PA) | José Carlos Monteiro (São Luiz do Paraitinga-SP) | Juliana Scorza (Presidente Prudente-SP) | Laz Camargo (Rondonópolis-MT) | Leandro Luiz (Quixelô-CE) | Leandro Luiz (Quixelô-CE) | Lina Ganem (João Pessoa-PB) | Lourdes de Deus (Goiânia-GO) | Lu Maia (João Pessoa-PB) | Luciana Mariano (São Paulo-SP) | Machado (Rondonópolis-MT) | Madriano Basílio (João Pessoa-PB) | Marby Silva (João Pessoa-PB) | Marcio Nehrebecki (Cotia-SP) | Marcos Akasaki (São Paulo-SP) | Maria Gobet (Piracicaba-SP) | Mauro Tanaka (Araçoiaba da Serra-SP) | Mayawari Mehinako (Gaúcha do Norte-MT) | Nando Garcia (Tracunhaém-PE) | Nene de Capela Alagoas (Capela-AL) | Neri Andrade (Florianópolis-SC) | Neves Torres (Serra-ES) | Nilda Neves (São Paulo-SP) | Nilson (Currais Novos-RN) | Gerson Lima (Salvador-BA) | Nilson (Itapecerica da Serra-SP) | Olímpio Bezerra (Cuiabá-MT) | Chavonga (Diadema-SP) | Paixão Fernandes (Belo Horizonte-MG) | Paulo Mattos (São Paulo-SP) | Paulo Perdigão (Recife-PE) | Paulo Roberto Corrêa de Oliveira (Caieiras-SP) | Pedro Zagatto (Piracicaba-SP) | Persivaldo Figueirôa (Maceió-AL) | R. Domingues (Goiânia-GO) | Raquel Gallena (Embu-SP) | Rimaro (Cuiabá-MT) | Rinaldo Santi (São Paulo-SP) | Romário Batista (Vila Velha-ES) | Rômulo Macêdo Barreto de Negreiros (Palmas-TO) | Ronaldo Torres (Serra-ES) | Rosângela Politano (Socorro-SP) | Ruth Albernaz (Cuiabá-MT) | Ruy Relbquy (Quixelô-CE) | Sandra Aguiar (Olinda-CE) | Sebá Neto (São Paulo-SP) | Sãnipã (Manaus-AM) | Schimaneski (Ponta Grossa-PR) | Seo Constante (Campinas-SP) | Sérgio Pompêo (Pirenópolis-GO) | Shila Joaquim (São Mateus-ES) | Silveira (Piracicaba-SP) | Silvia Maia (Embu das Artes-SP) | Sônia Furtado (Florianópolis-SC) | Sonia Sonomi Oiwa (São Paulo-SP) | Soupixo (Crato-CE) | Thiago Nevs (São Paulo-SP) | Tito Lobo (João Pessoa-PB) | Toninho Guimarães (Cuiabá-MT) | Valdeck de Garanhuns (Guararema-SP) | Valdivino Miranda (Cuiabá-MT) | Vânia Cardoso (Socorro-SP) | Waldecy de Deus (Carapicuíba-SP) | Wender Carlos (Cuiabá-MT) | Yúpury (Manaus-AM) | Zila Abreu (São Paulo-SP)
SOBRE A BIENAL NAÏFS DO BRASIL
Originada das mostras anuais realizadas pelo Sesc São Paulo em sua unidade de Piracicaba de 1986 a 1991, a Bienal Naïfs do Brasil teve sua primeira edição em 1992 na mesma cidade. Desde então, consolidou-se como uma referência para aqueles que possuem algum vínculo com sua proposta. Atualmente, a seleção dos artistas participantes ocorre via convocatória aberta, bem como por convite, a partir da formação de uma comissão composta por curadores, artistas e pesquisadores. Seus principais objetivos são incentivar a produção artística popular e oferecer espaços para sua apreciação, além de estimular o pensamento crítico a seu respeito.
Orientações de segurança para visitantes
O Sesc São Paulo retoma, de maneira gradual e somente por agendamento prévio online, a visitação gratuita e presencial às exposições em suas unidades na capital, na Grande São Paulo, no interior e no litoral. Para tanto, foram estabelecidos protocolos de atendimento em acordo com as recomendações de segurança do governo estadual e da prefeitura municipal.
Para diminuição do risco de contágio e propagação do novo coronavírus, conforme as orientações do poder público, foram estabelecidos rígidos processos de higienização dos ambientes e adotados suportes com álcool em gel nas entradas e saídas dos espaços. A capacidade de atendimento das exposições foi reduzida para até 5 pessoas para cada 100 m², com uma distância mínima de 2 metros entre os visitantes e sinalizações com orientações de segurança foram distribuídas pelo local.
A entrada na unidade será permitida apenas após confirmação do agendamento feito no portal do Sesc São Paulo. A utilização de máscara cobrindo boca e nariz durante toda a visita, assim como a medição de temperatura dos visitantes na entrada da unidade serão obrigatórias. Não será permitida a entrada de acompanhantes sem agendamento. Seguindo os protocolos das autoridades sanitárias, os fraldários das unidades seguem fechados nesse momento e, portanto, indisponíveis aos visitantes.
Ficha técnica:
Realização: Sesc Piracicaba | Sesc-SP
Curadoria: Renata Felinto e Ana Avellar
Expografia: Carmela Rocha e Beatrice Perracini
Montagem: Asia Estandes
Iluminação: Aline Santini
Design Gráfico: Flavia Castanheira e Luciana Facchini
Produção: DB Produções
Montagem de Luz: Santa Luz
Montagem Fina: Install
Serviço:
15ª Bienal Naïfs do Brasil – Ideias para adiar o fim da arte
Local: Sesc Piracicaba
Período expositivo: Até 25 de julho de 2021
Visitação com agendamento: terça a sexta, das 14h às 20h.
Tempo de visitação: 90 minutos
Classificação indicativa: Livre
Sesc Piracicaba – Rua Ipiranga, 155, Centro
Catálogo da exposição disponível para consulta em:
Publicação educativa disponível para consulta em:
Por Diogo Locci
Imagem: Lucas Cersosimo
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