Montagem é resultado prático da pesquisa acadêmica e tem sido trabalhada desde 2015
Nos dias 25, 26 e 27 de maio de 2018, às 20 horas, o Teatro Didático da Unesp em parceria com o Teatro de Brancaleone, fará apresentações do espetáculo Paulicéia Desvairada no Instituto de Artes (IA) da Unesp em São Paulo, SP. O espetáculo é o resultado prático da pesquisa acadêmica do professor Wagner Cintra intítulada Teatro Visual: da matéria à forma.
O resultado teórico foi, ao longo de três anos, publicado em revistas, anais de congressos e periódicos. Aquilo que será apresentado faz parte de uma trilogia que se concluirá no próximo triênio. As apresentações ocorrerão no Micro-Teatro (Laboratório de Formas Animadas e Visualidades).
Paulicéia Desvairada é um projeto desenvolvido pelo Teatro Didático da Unesp (grupo de extensão universitária) e pelo Teatro de Brancaleone, que pretende a encenação de um espetáculo que tem o Teatro Visual como Linguagem. O projeto foi dividido em três fases em três anos.
O ano de 2015 foi dedicado ao estudo da matéria bruta, ou seja: o entendimento do potencial expressivo de diferentes materiais em jogo com o espaço. Em 2016, o trabalho preocupou-se com a atribuição de forma à matéria. O grupo teve, nesse momento, através da construção de imagens pelos meios da exploração da luz sobre a matéria, o estudo de possibilidades de criação de cenas considerando a obra homônima de Mário de Andrade Paulicéia Desvairada. O ano de 2017, o último do processo, foi dedicado à organização dramatúrgica do espetáculo, considerando o entendimento do grupo acerca daquilo que chamamos de Dramaturgia da Visualidade em suas variações: Dramaturgia da Matéria; Dramaturgia do Espaço: Dramaturgia das Formas.
Sinopse
Conforme o entendimento do grupo, um dos princípios fundamentais do Teatro Visual é estimular a subjetividade do espectador, que é levado a se relacionar com o espetáculo de maneira autônoma. Em tal contexto, a individualidade do espectador ganha o status de universal diante da obra apresentada, não sendo necessário um intermediário para direcionar a leitura; assim, a lógica, como constructo da realidade, só se justifica desde a ação do observador que, na medida das suas experiências pessoais, se integra à realidade da obra em um processo de livre associação de ideias.
Em tal contextura, os grupos aproveitaram-se da obra de Mário de Andrade para refletir e manusear alguns pressupostos do Teatro Visual por meio de uma criação cênica. A encenação do espetáculo não pretende ilustrar a obra; a encenação é uma criação autônoma cujo conteúdo refere-se meramente a apreensão do conteúdo de imagens intuídas do poema e sua época e que também são observadas no cotidiano da Paulicéia atual. O contexto da obra literária e daquilo que é observado na cidade de São Paulo, em diálogo, são trabalhados na forma de signos teatrais. Desse modo, a Cidade de São Paulo, no contexto da encenação, não está em cena como cenário, mas como protagonista invisível que se revela, sobretudo, por meio das suas contradições espaciais e pela matéria que compõe o seu gigantismo: aço, concreto, pessoas, animais, formas, etc.
A relação visceral que o autor tinha com a cidade em meados dos anos 20, uma cidade em transformação contínua que se refazia e se refaz incessantemente a cada instante, dita o ritmo da obra que é considerada a primeira obra de vanguarda do modernismo brasileiro. Da mesma maneira que Paulicéia Desvairada rompeu bravamente com a estética literária vigente, a encenação trabalhada pelo Teatro Didático da Unesp e Teatro de Brancaleone rompe com paradigmas do teatro representacional, considerando que no Teatro Visual, conforme o nosso entendimento, não existe nada para ser representado do ponto de vista da forma. E no que se refere ao conteúdo, nada para ser comunicado.
Ficha Técnica:
Direção: Wagner Cintra
Elenco: Elis Regina, Elisângela França, Igor Erbert, Salomão Polegar, Thais Silva, Thiago Henrrique
Música Original: Diego Althaus
Voz off: Lucas Sabatini
Endereço
Rua Dr Bento Teobaldo Ferraz, 271
Bairro: Barra Funda
São Paulo, SP
Por UnAN
Imagem: UnAN
nAN